Título / Title
A base neoextrativista da arquitetura moderna
Cidade e País / City and Country
Autor(a) / Author
João Marcos de Almeida Lopes | Raíssa Pereira Cintra de Oliveira
Como citar / How to quote (ABNT)
OLIVEIRA, Raissa P. C. de; LOPES, João Marcos. A base neoextrativista da arquitetura moderna. Anais do V Seminário Internacional América Latina e Caribe: conflitos e políticas contemporâneas< Belém: NAEA/UFPA. De 24/04/2024 a 26/4/2024, p.214-930.
Ano / Year
2023
# de páginas / # of pages
16
ISBN
9788571432321
Idioma original / Original language
português
Descrição
Raíssa Pereira Cintra de Oliveira; João Marcos de Almeida Lopes (2023)
Para se produzir cidades, casas, pontes ou qualquer outra obra de arquitetura é necessária uma quantidade imensa de força de trabalho e a transformação da natureza. Materiais como terra, pedra ou madeira foram usados pela humanidade durante milhares de anos para se construir, acumulando saberes e gestos técnicos passados de geração para geração. No entanto, em um determinado momento, sob sinais pré-capitalistas, houve rearranjos nessa produção em resposta a uma nova demanda imposta. A lógica do capital intencionalmente foi achando caminhos para driblar esses saberes acumulados e controlar a produção. Um dos instrumentos importantes para tomar as rédeas da produção foi a criação dos novos materiais, produzidos industrialmente, como por exemplo o vidro, o concreto, o aço e o alumínio. Tais materiais pressupõem em sua origem a industrialização e uma cadeia produtiva vinculada sobretudo a um modelo neoextrativista.
Nesta comunicação trataremos especificamente do alumínio, um dos materiais mais novos da modernidade e geneticamente fruto da lógica industrial. O alumínio é resultante de um processo eletroquímico e sua produção em escala industrial somente foi possível no final do século XIX com a descoberta de novas técnicas de redução e com as possibilidades de consumo, o que inclui o seu uso em utensílios domésticos, embalagens e na construção civil. Sua aplicação na arquitetura é bastante recente, surgindo inclusive, ao lado da arquitetura moderna. Tal demanda foi se diversificando: das coberturas e detalhes em fachadas foram surgindo componentes de vedação, materiais refratários até as grandes estruturas produzidas na segunda metade do século XX. Ao longo dos anos o alumínio vem ganhando espaço significativo nas especificações dos projetos de arquitetura como um material de inúmeras vantagens, como, leveza, beleza, durabilidade e facilidade de manutenção. Mas para além disso, sua popularização se deve principalmente aos apelos comerciais sobre as suas “facilidade” de produção e as atribuições sustentáveis, sobretudo à capacidade de reciclagem.
Nesse momento da pesquisa o foco é o material alumínio, o qual se revela dentro de uma série de contradições, violências e impactos socioambientais inerentes a sua produção e à extração da bauxita (matéria prima do alumínio), denunciando assim, uma enorme dissociação existente entre o seu consumo e a sua produção. Ao mapear essa produção no tempo e no espaço tais contradições existentes revelam uma relação invisibilizada entre as especificações nos projetos de arquitetura e o padrão intensivo extrativista brasileiro.
Description
To produce cities, houses, bridges, or any other architectural work, an immense amount of labor and natural transformation is required. Materials like earth, stone, and wood have been used by humanity for thousands of years in construction, accumulating knowledge and technical skills passed down from generation to generation. However, at a certain point, under pre-capitalist signs, there was a rearrangement in this production in response to a newly imposed demand. The logic of capital intentionally found ways to bypass this accumulated knowledge and control production. One important tool in taking control of production was the creation of new, industrially produced materials, such as glass, concrete, steel, and aluminum. These materials, by their nature, presuppose industrialization and a production chain tied primarily to a neo-extractivist model.
In this study, we focus specifically on aluminum, one of the newest materials of modernity and a product of industrial logic at its core. Aluminum results from an electrochemical process, and its large-scale production only became possible in the late 19th century with the advent of new reduction techniques and consumer possibilities, including its use in household items, packaging, and civil construction. Its application in architecture is quite recent, emerging alongside modern architecture itself. The demand has diversified: from roofing and façade details to sealing components, refractory materials, and even large structures produced in the second half of the 20th century. Over the years, aluminum has gained significant presence in architectural specifications due to its many advantages, such as lightness, beauty, durability, and ease of maintenance. Beyond these attributes, however, its popularity is largely driven by commercial appeals around its “ease” of production and sustainable characteristics, particularly its recyclability.
At this stage of the research, the focus is on aluminum, which reveals a series of contradictions, violence, and socio-environmental impacts inherent to its production and to bauxite extraction (aluminum’s raw material), thus exposing a vast disconnect between its consumption and production. By mapping this production across time and space, these existing contradictions reveal an obscured relationship between architectural project specifications and the intensive extractivist model in Brazil.