Miniatura do termo

Autores Sérgio Ferro

Pintor, desenhista, arquiteto e professor.

Forma-se arquiteto pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU/USP, em 1962. Três anos depois, faz pós-graduação em museologia e evolução urbana, na mesma faculdade. Em 1965, participa da organização da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, onde também expõe. Cursa semiologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, em 1966. Na década de 1960, integra com Flávio Império (1935 – 1985) e Rodrigo Lèfevre (1938 – 1984) o Grupo Arquitetura Nova. É professor da Escola de Formação Superior de Desenho, entre 1962 e 1968; do curso de história da arte e de estética da FAU/USP, de 1962 a 1970; e do curso de arquitetura da Universidade de Brasília – UnB, entre 1969 e 1970. Por causa da ditadura militar no Brasil, muda-se para a França, em 1972. De 1972 a 2003, leciona na École Nationale Supérieure d’Architecture de Grenoble [Escola Nacional Superior de Arquitetura de Grenoble], na França, e, na mesma universidade, funda o laboratório Dessin/Chantier [desenho/canteiro] e o dirige de 1982 a 1997. Realiza pinturas figurativas, inspirando-se principalmente em figuras presentes nos desenhos e pinturas de Michelangelo Buonarroti (1475 – 1564). Recebe o prêmio de melhor pintor da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA, em 1987. Publica, entre outros, os livros O Canteiro e o Desenho, 1979, Michelangelo: Notas por Sérgio Ferro, 1981, e Michel-Angel, Architecte et Sculpteur, 1998. Realiza murais para várias instituições na França e no Brasil, como o Memorial da América Latina, em 1990, e o Memorial de Curitiba, em 1996 e em 2002.

Comentário Crítico
Na década de 1960, Sérgio Ferro participa do Grupo Arquitetura Nova, com Flávio Império (1935 – 1985) e Rodrigo Lefèvre (1938 – 1984) voltado para uma compreensão do exercício da profissão de arquiteto, simultaneamente como ação cultural, política e produtiva. O grupo realiza propostas de políticas públicas urbanas, ligadas a projetos de habitações populares. Os projetos de residências realizados por Sérgio Ferro no período mantêm diálogo com a produção de Vilanova Artigas (1915 – 1985).

Devido à ditadura militar no Brasil, o artista é obrigado a mudar-se para a França em 1972. Passa a dedicar-se à pintura e à carreira docente, lecionando na Escola de Belas Artes e na École Nationale Supérieure d’Architecture de Grenoble [Escola Nacional Superior de Arquitetura de Grenoble], França. Na pintura, realiza obras de caráter figurativo, em que tem como referência grandes pintores da história da arte, retrabalhando principalmente figuras presentes nos desenhos e pinturas de Michelangelo Buonarroti (1475 – 1564). Para o artista, ao mesmo tempo em que as figuras remetem a Michelangelo, elas se inserem numa outra realidade, porque a luz é cinematográfica e a musculatura, pouco fiel à anatomia e à tradição renascentista. Como aponta o crítico Wilson Coutinho, Ferro se apropria de Michelangelo para dotá-lo de uma apreensão contemporânea. Assim, fragmenta a obra do mestre, deixando ausências, colocando no plano da tela um conjunto de procedimentos modernos para trazê-la como memória de uma imagem dispersa.

Nos quadros de Sérgio Ferro, o espaço é construído a partir de elementos gráficos e suas relações na tela. Como nota o crítico Fábio Magalhães, em muitos trabalhos, entretanto, a cor e a colagem intervêm de maneira definitiva, impondo uma nova organização espacial, sobrepondo-se à densidade do grafismo.